quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Mysterium

Quais são os sonhos que não trazem da Alma a Verdade?
Seriam sonhos apenas mentiras, ilusões?
O mistério da realidade, tão bela realidade, sensível realidade, se encerra nos sonhos?
Seria a realidade um sonho?
Sonho que sim...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Caminho



Ousado errante pensamento em que caminha o peregrino.
Faz-se insinuar por entremeio acertos arriscados.
Sabido é aquele que trilha o caminho pequenino.
Tolo segue a via de perigos e desterros.
Eis que faço a mim louco em meio a sãos.
Preso no chão por cruz e corrente.
Ora, faço de ti tal qual o bendito ladrão.
Penso errar, errante, o caminho do caminhante.
Penso pesar o cansar de tola ousadia da criação.
Estou aqui a te esperar, seguindo em frente.
Por linha reta entre espirais iguais um sifão.
Faço da floresta de treva e ignorância
Porta aberta para a luz do amor e da vontade.
Casamento perfeito entre o que é e o que seria.
No altar figura andrógena com cabeça de bode.
Grinalda de estrelas, vestes de reis
Assim termina o caminho do audaz peregrino.
Brindando com vinho e bradando seis, seis, seis!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

M.'.T.'.


Há tempos não precisava buscar respostas com esse velho amigo, tão conhecido e ignorado, ao mesmo tempo. Esse magnífico conselheiro que tanto nos dá, tão pouco nos pede, mas ainda assim maldizemos sua existência, como se fosse um inimigo da verdade, portador de pestilência.
Tudo o que fazemos é preciso fazer com a ajuda dele, sem ele estamos desamparados, viveríamos sem rumo, apesar de poucos conhecerem sua verdadeira natureza, é ele quem nos dá a sabedoria. Sei bem que parece que é de outro que falo, mas não é, este está presente, conosco, do início ao fim, e a cada recomeço. Somos formados, reformados e auto-formados por sua influência, sua participação em nossas vidas.
Olho no relógio e posso ver no vidro um reflexo de sua existência, incompleta, como um reflexo de meu próprio olho perscrutando sua essência. Mas não adianta o vidro do relógio não trará a resposta, sequer meus olhos podem vê-lo. Somente, tão somente podemos percebê-lo, mas nem mesmo com nossos sentidos objetivos.
Ainda assim te gosto muito, meu querido e fiel amigo, Tempo.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Infante filosofia




Tudo o que sei é “nada sei”, já afirmaram isso há tempos, e ainda é tão verdadeiro hoje quanto fora outrora. Na verdade, o que é verdadeiro? Seria verdadeiro o que vejo, mesmo que, sem demora viva em um mundo de sombras, sem luz do dia, sem minha Aurora?

Tudo o que sei. Nada sei. Tudo e nada, nada e tudo. Há verdade nestas palavras, neste dualismo? A mistura de disso com aquilo outro, faz tudo, e aquilo menos outro, faz nada, assim nesse sincretismo?

Nada sei além da minha própria ignorância, minha eterna infância, vivo sem saber o que dizer, quando dizer, como dizer e aquém dizer. Posso seguir em frente com essa filosofia, mas seria um filosofar verdadeiro ou seria isto poesia? Não sou filósofo, nem mesmo um poeta, quem sabe um amante, mas não da sabedoria, não posso amar o que ignoro, mas do logos, a palavra, um “filogosofo”, do amor ao gozo, e do amor a sabedoria ignorada que por meio das palavras é encontrada. Amo o que faço, faço o que amo, pronto, é isto, o prazer, é a mistura entre o páthos, o ágape e o logos. O corpo, o sentimento profundo e o espírito. Através das palavras dou sentido a vida, faço por conhecido meus sentimentos, causa-me prazer. Isso! Sinto prazer em fazer palavras, fazer-pensamento, tornar o desconhecido em íntimo, o ato de aproximar, também é, filosofia, amar.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Pensa o Pensamento

Não há intento se não penso o pensamento. Às vezes finjo que invento, às vezes invento que finjo, mas nunca deixo de fazer, sempre tento. Faço e desfaço, brinco com as ideias e com as palavras, assim mesmo, do jeito que escrevo o que quero, como espaço, aço, cabaço. Refaço com gosto novo minha Razão. Será que a razão da minha Razão é racionalizada? Razão, racional, dividida? Qual é a razão de pensar? Penso que tenho razão. Será?
Assim sigo e converto aquilo que é no que não-é, mesmo não-sendo torno ser. Serve como exercício dialógico com aquele que chamam de “Self”, o “Si Mesmo”, nessa onomatopeia em espiral, indo e voltando mas nunca parado, ainda tento. Mas qual é o meu verdadeiro intento? Pensando o pensar, penso que penso, nada acontece. Aconteceria algo se deixasse de pensar? Penso que pensar é agir, ato de pensar, é verbo, palavra, verdade.
Então penso logo existo, não penso não existo. Ao pensar faço aquilo-que-não-é se transformar em aquilo-que-é, eu ajo, acho, com tamanho estranhamento, ou seria espanto? - assim faço, intencionalmente, penso o pensamento e crio o que antes não existia, imagino, pois imaginar, quiçá, seja o melhor pensar que tenha, o criar-pensar-pensamento.
No final nada digo, nada tenho a dizer, mas penso.

Mal dito

Malditos pensamentos não ditos, apenas pensados, nunca falados... sejam sempre expressados por meio de palavras guardadas na mente e no coração de quem escreve.
Iniciação à infante tentativa de ter a voz reconhecida pelas palavras de quem não pode fazer valer o que, não tem valor aquém, além, de si, e só para si.
Se for assim, que seja! Sou mesmo aquele que deseja dizer o que pensa, os mesmos malditos pensamentos não ditos.